13 de março de 2013

Traição: ser ou não ser, eis a questão.

Penny era complicada e todos sabiam disso. Inclusive Raj, que com o tempo se tornou seu confidente.
Raj sabia do amor que tinha Leonard por ela, mas escondeu. Só que Penny o surpreendeu.
 
- Raj você acha que o Leonard sente algo por mim? Não sei o acho tão estranho as vezes. Como se fingisse algo que sei lá, ele não é. Me entende?
 
Raj pensou por um momento em contar do papo que teve com Leonard dias atrás, mas não achou que devia. Então apenas respondeu fingindo uma certa indiferença ao assunto:
 
- Conheço Leonard há pouco tempo e ele sempre foi assim, bem na dele. Então não sei se ele está sentindo algo por você, Penny.
 
Penny não era boba. Ela sabia que tinha algo de diferente rolando ali. Mas, por não conhece-lo direito, não quis arriscar a perguntá-lo diretamente.
 
Os dias se passaram e Leonard foi internado com fortes dores de cabeça. Tudo indicava que poderia ser um aneurisma surgindo ali. Penny mal sabia de tudo que acontecia. Raj era o intermediario, enquanto Sheldon e Howard estavam ocupados demais para se ligarem no tamanho do problema do amigo, caindo na gandaia e namorando cada semana um com uma mulher.
 
 
Raj foi que ficou com a difícil tarefa de informar a Penny que Leonard não estava bem. E que seria bom acaso ela fosse vê-lo. E foi o que fez.
 
Penny surgiu no hospital como uma aparição milagrosa para Leonard. Ele pensou se acaso morresse ali, naquela hora, morreria feliz. Afinal, havia visto um anjo tão lindo quanto qualquer criatura angelical que pudesse imaginar.
 
Leonard mal conseguia falar. Seu estado inspirava cuidados extras de toda a equipe do hospital. Incluindo o seu médico e velho amigo, Dr. Mark Sloan, que ao entrar no quarto, esqueceu-se do mundo ao olhar para aquela garota loira sentada ao lado do seu paciente.
 
Leonard percebendo e ficando, obviamente com ciumes, afinal ele estava ali e muito vivo ainda, chamou a atenção de Mark.
 
- Hey, Mark. Oieee... O que foi?
 
- Ah! Oi Leonard, desculpe. Dificilmente vemos criaturas tão lindas por aqui. - Falou Mark sem se preocupar em disfarçar sua súbita atração por Penny.
 
Enfim- disse Mark folheando seu bloco cheio de observações médicas de Leonard.
 
- Devo dizer que tenho boas noticias, porém nem tanto, para lhe dar meu amigo.
 
- Então fale logo que você já está me deixando aflito. - Retrucou Leonard pegando automaticamente na mãe de Penny sem nem perceber.
 
Então, você realmente está com um pequeno aneurisma. Só que podemos fazer uma cirurgia, mas há um risco de você não sobreviver. Então o que quero lhe perguntar é: quer arriscar?
 
Leonard já suava frio quando perguntou:
 
- Se acaso eu não aceitar esse procedimento, o que acontece? Por favor, seja sincero. - Pediu, já sentindo que Penny também começava a se preocupar.
 
 - Bom se acaso não aceitar meu amigo, você morre em um mês, no máximo.
 
Um silêncio quase funéreo pairou sobre o quarto por alguns instantes, sendo interrompido pela resposta de Leonard.
 
- Aceito. Vou fazer essa bendita cirurgia e seja o que Deus quiser. Afinal se sem ela é certeza que eu morro, com ela pelo menos tenho uma chance de continuar por aqui. - Respondeu sorrindo enquanto olhava para Penny.
 
Nos dias em que antecederam a cirurgia de Leonard, Penny tratou de visitá-lo todos os dias após o trabalho. Levava livros e tudo que mais podia. Leonard estava sim preocupado com tudo, mas adorando a preocupação daquela que era seu principal motivo de vida. E se Penny não estivesse por ali naquele dia segurando sua mão, talvez ele não tivesse aceito se arriscar. Afinal, coragem não era uma de suas qualidades.
 
Penny andava preocupada, por hora angustiada. Sabia que se qualquer coisa acontecesse se arrependeria de como muitas vezes tratou aquele homem com indiferença e grosseria. Raj, era o único ali que ela podia contar.
 
Raj, estou com um pouco de medo, sabia? - Falou Penny enquanto caminhava com Raj pelo Green Park.
 
- Medo do que? Leonard? Relaxa vai dar tudo certo. - Respondeu Raj segurando levemente a mão dela.
 
Penny ainda pra piorar tudo estava naqueles dias em que toda mulher fica bem mais sensível do que o normal. Qualquer sintoma de afeto, por menor que seja, já a fazia ficar frágil o bastante, para que qualquer um, incluindo Raj que ela tanto confiava, se aproveitasse da situação. Afinal, ela sabia que fazia o tipo de muitos e que qualquer um a levaria pra cama.
 
Raj foi se aproximando cada vez mais de Penny. Leonard já estava se preparando para entrar na sala de cirurgia. A aflição do momento fez com que Raj percebesse que sentia por Penny bem mais do que amizade. Começava a gostar dela e pensar na hipótese de investir em uma relação mais séria.
 
As horas passavam e a cirurgia não terminava. Penny , num momento de fraqueza abraçou Raj. E quando se entreolharam, se beijaram. Raj sabia do que Leonard sentia por Penny e se ele soubesse, perderia não só um amigo, mas como Penny também. Afinal, ele escondia, a sete chaves o amor de Leonard por ela.
 
As horas se passavam e nada de noticias. Até que enfim Mark apareceu, exausto dando a noticia de que ocorrera tudo bem e que Leonard estava fora de perigo.
 
Penny ficou eufórica e aliviada. Seu amigo, que mal sabia ela, tinha um amor capaz de qualquer coisa, estava fora de perigo.
 
Posso vê-lo? - Perguntou Penny com um sorriso no rosto, a Mark.
 
- Ainda não. Ele precisa repousar por algumas horas. A cirurgia foi intensa e ele ainda está um pouco grogue por conta da anestesia.
 
Então tudo bem. - Respondeu Penny um pouco decepcionada. - Poderia vir visitá-lo amanhã?
 
Mark já imaginando que a veria mais uma vez, respondeu quase que instantaneamente.
 
- Sim pode. Na verdade, deve. Sua presença aqui ajudou e muito ele.
 
Enquanto os dois conversavam, Raj ficou repassando o beijo que tivera com Penny. Como poderia ali ter traido seu amigo que estava até então a beira da morte? Contava ou não o que havia acontecido? . Pensava e pensava nessas e em tantas outras perguntas, arrependido pelo que fez.
 
Enquanto os dois conversavam, a assistente Meredith Grey, que auxiliava Mark nas cirurgias, veio chamá-lo com urgência, pois um paciente, que não se sabia qual tinha tido uma piora no quadro.
Penny de imediato pensou em Leonard. Mas não poderia ser, até porque ele já estava fora de perigo. Só que não hesitou em perguntar:
 
-  É ele ?
 
Meredith? É o paciente que acabei de operar?  - Indagou Mark.
 
Não! - respondeu Meredith, assustada com aquele comportamento.
 
Penny respirou tão profundamente que quase lhe faltou o ar de tanto alivio, abraçando logo em seguida Raj, que já tentava se esquivar dela.
 
Os dias passaram e tudo foi correndo bem. Só que Raj mudou com Leonard. E ele percebeu. Mas não quis perguntar.O que pra sorte de Raj ele imaginava não ser nada demais. Penny também não comentou do beijo. Pra ela foi algo sem nenhum valor. E assim, pelo menos por acordo,  Penny e Raj resolveram esquecer e não contar o que havia acontecido naquele hospital. Pelo menos não enquanto Leonard estivesse totalmente recuperado.  

 

12 de março de 2013

Descrença



Era tarde, bem tarde e Leonard ainda estava acordado. O silêncio da hora o atormentava, então resolveu se levantar e ir até a adega buscar um whisky, só que em passos curtos, para não acordar seu colega e evitar questionamentos sobre sua insônia. Só que antes mesmo de chegar à sala, escutou um barulho na casa. 

Seria um ladrão querendo roubar minhas preciosas pesquisas? - pensou, ele. 

Mas, não era! O barulho era Penny. O motivo pelo qual não conseguia dormir. 

Leonard tinha um amor platônico por aquela mulher. Conheceram-se há tão pouco tempo, mas já a amava como se ela tivesse sido sua em outras vidas. 

- Boa Noite, Penny – Disse Leonard fingindo surpresa e disfarçando sua felicidade. 

- Olá, Leonard! – Respondeu Penny com sua habitual frieza. 

- O que faz ainda acordado? - Perguntou ela. 

- Nada. Apenas não conseguia dormir. Então desci para beber algo. Mas o que faz aqui? Porque não está na sua casa?

- Raj não lhe contou¿ Estou reformando por lá. Fazendo algumas mudanças. Então pedi a ele para que pudesse dormir aqui. Mas também não estou conseguindo. 

- Hum - Respondeu Leonard, como se quisesse encurtar aquele papo. O que na verdade era o que queria, pois estava quase saindo correndo dali de volta para o seu quarto! 

Perto de Penny, Leonard se sentia desconfortável. Por mais que gostasse dela, sua forma de como o tratava não era tão fácil de suportar. Ele queria mais dela. Pra ser sincero bem mais do que educação. O que muitas das vezes nem isso tinha. 

Ninguém conseguia entender o porque Leonard não gostava de si. Era o típico homem que todas davam em cima. Era o gênio do momento. Não havia mulher que se negaria em passar qualquer meia hora contigo. Leonard era o que alguns definiriam de um bom partido. Coisa rara de se achar. Mas nada o interessava. Pra ele , se Penny não sentia atraída por ele, era porque ele realmente não era grande coisa assim. 

Todos mentem – pensou ele. 

Aos poucos ele começou a sentir raiva de si mesmo. Observava seus prêmios e se perguntava: 

- Para que tudo isso se não consigo nem conquistar a mulher que eu quero?

Começou a duvidar de si. Queria apenas sumir do mapa. Sentia que se tivesse um pouco apenas de coragem, já teria se matado. Os resultados em seu trabalho já não eram mais os mesmos e o alcoolismo começou a dar os primeiros sinais de que seria a única coisa que o livraria do que mais queria esquecer: o amor que sentia por Penny. 

Começou a frequentar noitadas. Ficar com todas que via. Bebia sem pudor e esquecia-se de seus prazos. Perdeu seu emprego e começou a se fechar em um mundo, como se quisesse fugir de si. Dos seus pensamentos. Do que sentia. Era algo difícil de suportar e por imaginar que ninguém o entenderia, começou a se isolar, como aqueles elementos que ele tanto estudava. 

Toda vez que cumprimentava Penny, Leonard tinha a esperança que ela o tratasse melhor, justamente por não entender o porquê da frieza dela com ele. Dias depois do seu encontro com ela, Leonard resolveu confessar a Raj o que sentia: 

- Raj não consigo esquecer a Penny. 

- Como assim, Leonard? Perguntou Raj, desconfiando do que viria. 

- Me apaixonei por Penny, assim que a vi. E não sei se devo contar tudo a ela. Ela mal conversa comigo. 

- Leonard, Leonard, Leonard. O amor é uma fórmula perigosa. Principalmente para nós. Você sabe que o tipo de Penny é o oposto da gente. Esquece amigo. Guarda pra você que é o melhor que você faz. – Aconselhou Raj. 

Raj era incrédulo no que se referia ao amor. Pra ele poucos podiam ter esse privilégio de amar e ser amado. E eles, os ‘nerds’, não estavam nesse grupo privilegiado. 

Depois de ter ouvido Raj, Leonard tratou de esquecer Penny e voltar a sua vida normal. Mas ele sabia que não podia ou que pelo menos não seria tão fácil assim. Só a lembrança dela já fazia Leonard perder o foco. Só que ele concordava com Raj de que Penny era o seu oposto. 

Enquanto tinha ele que era extremamente romântico, ela já não gostava disso. Ela era fria. Uma típica garota que não se apegava a ninguém. Mas mal sabia Leonard que isso tinha um motivo. E dos bons por trás. Penny simplesmente cansou e desistiu de acreditar em todos a sua volta. E sendo Leonard um novato na sua vida, essa regra se aplicava ainda mais forte. E ele teria que ter muita paciência para conseguir derrubar essa descrença dela em todos, para enfim conquistar ao menos a confiança dela.