Doodle do Google em homenagem ao 123º aniversário de nascimento de Fernando Pessoa |
Nesta segunda-feira, quem abrir a página do google, irá perceber que o doodle do site está homenageando um dos maiores escritores da poesia lusitania e universal. Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, completaria hoje 123 anos.
Podendo-se dizer que a vida do poeta foi dedicada a criar e que, de tanto criar, criou outras vidas através dos seus heterónimos, Fernando Pessoa deixou um legado literário que até hoje dificilmente encontramos alguém que já não tenha lido ao menos parte de sua obra.
Sendo ele alguém aparentemente pacato, alguns criticos duvidavam se Pessoa realmente teria transparecido o seu verdadeiro eu ou se tudo não teria passado de um produto, entre tantos, da sua vasta criação, considerando que a grande criação estética de Pessoa foi a invenção heteronímica.
Fernando Pessoa já foi comparado a grandes poetas lusitanos. Um dele é Luis de Camões, autor de Os Lusiadas, considerada a maior obra da literatura portuguesa. De qualquer modo deixo aqui minha adimiração por esse poeta e transcrevo o poema dele que confesso ser um dos meus favoritos.
ANÁLISE
Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
(Fernando Pessoa)
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
(Fernando Pessoa)