Liberdade é uma palavra simples, mas de sentido desconhecido.
Ser livre, bom digamos que ninguém é livre. Não pelo menos até se apaixonar.
Aqueles que vivem, procurando a liberdade digo que desista.
Não há liberdade, pelo menos não em sentido literal. Afinal ser livre é
primeiro de tudo é não precisar de ninguém, e quando há amor, quando se ama algo ou alguém,
você sem perceber se prende a isso. Depende dessa pessoa ou de algo para ser
feliz.
Paloma era uma menina meiga, cheia de sonhos. Possuía um
cabelo invejável. Era liso, comprido e de um tom indecifrável. Não se sabia dizer
se eram pretos ou de um acinzentado mais denso. O fato é que ela era feliz. Até
conhecer Kauê. O menino que começou a morar em seus pensamentos e aos poucos se
tornou o príncipe de seu conto de fadas.
Ela acreditava mesmo que poderia conquistá-lo. Mas, pouco Paloma
sabia que ele estava fora de seu mundo e principalmente do seu alcance. Kauê já
havia traçado seu destino. Já tinha alguém em mente que gostaria de passar toda
sua vida ao lado e esse alguém não era ela. E começava ai a historia de um amor
platônico. Impossível e incompatível com a realidade dela. E esse amor acaba se
tornando uma torre e ela em uma espécie de Rapunzel.
Paloma começa ver o mundo de uma forma diferente. Tudo
parece lembrar Kauê. Ela vê o mundo através dele. Dos seus gostos, seus gestos,
até mesmo de suas vontades e defeitos. Ela faz dele seu único e exclusivo
mundo. Mesmo ele nem sabendo de tudo isso.
Começa a se isolar e procura estar apenas nos lugares onde
ele está. O que era amor, aos poucos se transforma numa obsessão. Um objetivo a
cumprir na vida de Paloma. Enquanto que para ele? Bom, ela disfarça muito bem
para que ele perceba esse sentimento doentio que ela possui por ele. E a cada
dia que passa ela se prende ainda mais a isso, perdendo pouco a pouco sua própria
identidade.
Paralelamente a esse amor de Paloma, tinha Sofia. Ruiva, sem
muitos atributos, simples. Paloma sem duvidas ganharia dela numa disputa, se
não fosse o fato de Kauê por algum motivo ser perdidamente apaixonado por ela.
Para não dizer cego.
Kauê era simples, mas gostava de garotas com algo a mais. E Sofia,
apesar de não ter uma beleza extraordinária, tinha esse algo a mais. Pelo menos ele via isto nela.
Soffie, como os mais íntimos lhe chamavam, era da mesma turma
de Paloma. Ambas eram alunas de uma simpática
senhora conhecida por sua destreza e precisão musical.
Dona Charlotte, era exigente com seus alunos. Gostava que
eles executassem suas tarefas todas com uma disciplina rígida, pois acreditava
que a harmonia só se conseguia através da dedicação e de extrema disciplina.
Paloma sabendo que Sofia era o amor da vida daquele que ela
amava criou uma competição com a garota durante as aulas. Sempre tentando ser
melhor. E quando Sofia conseguia elogios de Charlotte, algo parecia dizer a
Paloma que aquilo era apenas um ponto a mais para que Kauê a amasse.
Sofia nem desconfiava do plano de Paloma. Na verdade ela nem
desconfiava que tudo que Paloma fazia e queria era pra agradar ninguém mais que
Kauê, cujo os olhos só tinha para Sofia, mesmo não sendo da mesma forma que
Paloma tinha para ele.